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sexta-feira, 18 de março de 2011

FILOSOFIA DA IDADE CONTEMPORÂNEA


Juán Manuel NAVARRO CORDÓN; Tomás CALVO MARTÍNEZ

História da Filosofia, 3º vol., p. 7-9

Consideramos como contemporânea a filosofia que se estende,

dentro da imprecisão cronológica própria das produções culturais,

ao longo da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX.

A filosofia contemporânea, nas suas linhas mais fundamentais e características, só pode ser adequadamente compreendida em relação com a obra de Hegel. Com efeito, a filosofia contemporânea constitui em grande medida uma reacção contra o sistema hegeliano, ao mesmo tempo que retoma poucas das suas análises e interrogações.

A mais notável e radical reacção contra o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialéctico. Aceitando e transformando este último, a filosofia marxista "inverte" o sistema de Hegel, propondo uma visão dialéctica-materialista da consciência, da sociedade e da história.

Outra reacção contra o hegelianismo - reacção estreitamente vinculada à situação económica, social e intelectual resultante da revolução industrial - é representada pelo positivismo, especialmente o de Comte. Neste caso, reage-se contra o "racionalismo" hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de fundamentar uma organização político-social nova. ComoMarx, Comte conserva, no entanto, embora transformando-o, um momento importante do hegelianismo: a ideia de "espírito objectivo".

O positivismo (tomado, em geral, como uma atitude renitente à especulação filosófica e propenso a considerar aciência como forma de conhecimento, não só modelar, mas exclusiva) constitui, além disso, uma constante na história do pensamento. Apesar das suas notáveis diferenças na maneira de pôr os problemas, é possível reconhecer esta linha no empirismo do século XVIII, no positivismo do século XIX e no positivismo lógico ouempirismo lógico do século XX. O empirismo lógico ou positivismo lógico do séc. XX constitui um dos movimentos (juntamente com o "atomismo lógico" e a filosofia analítica) integrantes da corrente analítica dos nossos dias, cuja máxima originalidade consiste em haver transformado o próprio conceito de filosofia: para a corrente analítica, a filosofia não tem por objecto a realidade, mas a análise da linguagem acerca da realidade, quer se trate da linguagem ordinária ou comum, ou da linguagem científica acerca da realidade.

Outras correntes da filosofia contemporânea tomaram como objecto principal de consideração o fenómeno da história, da vida e da irreductibilidade da existência pessoal: as filosofias historicistas, vitalistas, existencialistas e personalistas. O existencialismo constitui, originalmente, uma reacção contra o hegelianismo e em favor daindividualidade, colocando em primeiro plano a categoria de singularidade, preferida pelo "sistema dialéctico" de Hegel (Kierkegaard). No seu desenvolvimento no século XX (Heidegger, Sartre), a par da reacção anti-hegeliana já apontada, o existencialismo depende directamente da fenomenologia de Husserl, no tocante às suas análises da existência humana. Quanto ao vitalismo de Nietzsche, representa uma reacção não apenas contra Hegel, mas contra toda a tradição intelectualista-religiosa que se opôs à vida e aos valores vitais, desde que se verificou a aliança do platonismo com o cristianismo.

Mesmo quando as correntes filosóficas que mencionámos remetem directa ou indirectamente para Hegel, seria errado deduzir dele, por oposição ou continuação (ou por ambas as coisas), todo o pensamento contemporâneo. O descrédito geral da especulação filosófica subsequente ao hegelianismo conduziu a atitudes relativistas ecépticas contra as quais se levantou também a filosofia. Este enfrentamento com o relativismo e o cepticismo tornou-se patente a partir de diferentes posições, tanto na fenomenologia de Husserl (intento de fazer da filosofia uma ciência de rigor), como nas investigações acerca da vida e da história levadas a cabo por Dilthey e Ortega y Gasset. Estes dois filósofos pretendem compreender a vida e a história com base em categorias especificas rigorosas.

Talvez a característica externa mais saliente da filosofia contemporânea seja a disparidade de enfoques, sistemas e escolas, face ao desenvolvimento, de certo modo mais uniforme e linear, da filosofia moderna (racionalismo, empirismo, Kant, idealismo hegeliano). Para esta proliferação de pontos de vista e de escolas, contribuíram, em grande medida, factores sócio-culturais, como: a crise contemporânea dos sistemas políticos, o avanço espectacular das ciências naturais e lógico-formais e o desenvolvimento das ciências humanas, cujos métodos e resultados tiveram repercussões e consequências de interesse no campo e nos problemas da filosofia (psicanálise, estruturalismo).


terça-feira, 15 de março de 2011

A utilidade da Fislosofia

A filosofia é um tema sobre o qual cada vez mais se fala e cada um de nós pode-se questionar acerca da sua importância, mas ninguém pode ficar indiferente perante ela. As opiniões em relação ao "utilidade da filosofia” podem divergir, contudo jamais alguém pode manifestar indiferença perante o problema: “Onde está o valor da filosofia?”, pois são questões e problemas como estes que evidenciam e “movem” o pensamento humano. Porque é a partir de questões como estas que as opiniões de cada um podem começam a manifestar-se e assim “evoluir” a nossa maneira de pensar, libertando-nos dos calabouços do “pensamento nulo”.

Pois é assim que cada um pode-se perguntar onde está o valor da filosofia e qual a sua importância para o mundo. Porquanto se pensarmos bem, é a filosofia que tem movido o mundo, é a filosofia que tem mantido o mundo a rolar e não o tem deixado cair na ignorância. E assim tem formado “grandes” homens que encaram o mundo de uma maneira diferente, questionando até mesmo os objectos mais habituais e mantendo um sentimento de grande admiração, pois como uma criança, não se “conformam” com o mundo. O homem que filosofa está sempre“no topo da pelagem do coelho que saiu da cartola do universo, observando o mágico com grande admiração” (ideia retirada do livro “O Mundo de Sofia”). Estes homens afirmam que “O valor da filosofia, em grande parte, deve ser buscado na sua mesma incerteza”. Contudo também existem aqueles que afirmam que “A filosofia não tem valor”, estes estão presos a preconceitos, cujos “objectos habituais” não levantam problemas e que rejeitam desdenhosamente tudo o que não lhes é familiar. Pois estes declaram que apenas a ciência dá informação valida, e devido a isso, por vezes, não censuram nem aplaudem as novas ideias sugeridas pela filosofia, mostrando apenas desinteresse. Mas, como já referi, é a filosofia que tem mudado o mundo, sem ela o mundo tornava-se“FINITO”, “DEFINIDO” e “OBVIO”. Pois a filosofia luta contra o “deserto de pensamento” que assola o mundo e para tal propõe várias e inovadas ideias, o que leva ao homem a reflectir sobre as suas convicções e sobre os valores que usa como “chave” para as suas decisões. Um homem ao ser enfrentado com um tão grade número de ideias, tem de “deixar” o conformismo com que se já tinha habituado e enfrentar o que até então valorizava debatendo-se com os valores que guiavam as suas escolhas. Contudo, um dos pontos contra a própria filosofia é a diversidade de ideias e a imprecisão das mesmas. Porque a filosofia é incapaz de nos “dizer” qual a verdadeira resposta, de todas a que ela mesmo disponibiliza. Por conseguinte, diminui o nosso sentimento de certeza pondo-nos incertos relativamente às nossas convicções. Todavia é este mesmo senão que nos confere uma maior amplidão de ideias e pensamento, e assim afasta-nos da prepotência do conformismo e do hábito. Como consequência desta incapacidade de dar respostas precisas e exactas, a cada dia temos de nos esforçar por aumentar o nosso conhecimento acerca das várias “possibilidades/respostas” dadas pela filosofia para não cairmos no dogmatismo e no conformismo.

Afim de que possamos pensar acerca ou mesmo mudar os valores que motivam as nossas decisões, a filosofia tem as suas próprias contrariedades. Mas afinal de contas “Filosofar significa estar-a-caminho” (K. Jaspers) e não, estar na meta. Pois a filosofar não é a conclusão mas sim a caminhada para a verdade.

A importância da Filosofia

A UTILIDADE DA FILOSOFIA

Muitos indagam acerca da serventia ou da utilidade da filosofia.
A esta indagação deve-se antes de tudo responder
que a filosofia não tem utilidade no sentido
de trasnformação do mundo, no sentido de praxis,
como apregoam os materialistas de todos os matizes
, mas que a verdadeira importância ou utilidade da filosofia
reside em poder aperfeiçoar às mais nobres faculdades
do homem, a inteligência e a vontade, humanizando-o,
desta maneira.
O homem é um ser que transcende o tempo, é um ser inquieto,
sempre em busca de algo a mais, não se saciando
somente com o ofertado pelas construções humanas
seccionadas em especializações nos mais variados campos do saber.
Ora, esta sede de conhecimento, e de conhecimento total,
global, universal, é saciada ou, expressando-se melhor,
profundamente mitigada pela filosofia,
visto ser somente este saber - o filosófico - capaz de oferecer
ao homem o conhecimento dos fundamentos últimos,
dos porquês profundos, acerca dos três objetos
possíveis e passíveis do conhecimento humano:
o mundo, o homem e Deus.
Vê-se, pois, que as questões ventiladas pela filosofia
são as mais vitais e humanas que podem ser concebidas,
e que, quando bem resolvidas, nutrem o homem
com valores e realidades trancendentais,
alimentando-o e saciando-o no seu mais intimo,
e melhor ainda, dando razões ou sentido para o viver,
o sofrer e o morrer.
Vejamos de forma bem simples, para satisfazer
aos simplórios que indagam muitas vezes sarcasticamente
qual o valor da filosofia, algumas de suas utilidades: